Mal recompensado não elimina o mal

Na minha postagem anterior sobre "O paradoxo de Epicuro: minha visão" eu defendi a tese de que ele realmente existe e é injustificável, visto que existem sofrimentos desnecessários no mundo.

Mas como sempre acontece nesses temas polêmicos, a postagem recebeu uma quantidade boa de comentários para os padrões do Steemit. E um deles me chamou mais atenção.

Ele defende a linha de que todo mal é apenas ilusório e temporário, porque no longo prazo todo mal se converteria em um bem.

É uma linha de raciocínio interessante, mas que não resolve o problema. Primeiro porque quando se diz que existe o mal no mundo, em nenhum momento estamos dizendo que o mal só existe se for eterno, para sempre. Muito pelo contrário. Ainda que o mal seja temporário, mesmo que por alguns segundos, ainda assim não deixa de ser um mal.

Imagina que uma pessoa te queime com a ponta de um cigarro. Esse mal é bastante temporário, apenas alguns segundos, mas ainda assim nunca vai deixar de ser um mal, mesmo que essa pessoa depois tente amenizar o seu erro te dando alguma forma de recompensa. Ou seja, naquele momento em que você foi queimado pelo cigarro você sofreu, e sofreu bastante, ponto final. Pouco importa o que virá depois.

Imagina também uma criança que foi estuprada. Por mais que depois você tente “corrigir o erro” de alguma forma, pouco importa. Naquele exato momento em que ela estava sendo estuprada ela estava sofrendo, e muito.

Então não importa a “recompensa”, barganha ou suborno que te derem no futuro por algum sofrimento, isso não torna o sofrimento inexistente. O mal ocorreu, e te fez sofrer. A recompensa pelo mal não o elimina.


pixabay

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