Muitas vezes hoje em dia quando tentamos definir direita e esquerda sempre tem alguém que vem com o argumento “ahh mas você tem que considerar que direita e esquerda surgiram na Revolução Francesa e significavam isso e aquilo”.
Quando se procura definir uma dicotomia política nos dias de hoje, e o nosso costume é chamar de direita e esquerda, isso não significa automaticamente que a dicotomia tenha que ser idêntica, ipsis litteris à que existia naquela época. É apenas o costume de chamar de direita e esquerda que sobreviveu, e não a própria dicotomia em si.
Naquela época a dicotomia que brigava pela hegemonia política era a dos monarquistas versos antimonarquistas. Mas não faz mais sentido ficar se preocupando em dividir hoje as pessoas em monarquistas e antimonarquistas, visto que o espectro político atual já superou e se afastou disso. O mesmo que aconteceu com a divisão entre abolicionistas e escravocratas. Ou seja, são rivalidades políticas já superadas, e substituídas por outras mais atuais.
Então quando se procura, nos dias de hoje, identificar quem é direita ou esquerda, estamos nos referindo à dicotomia predominante e à principal rivalidade política da atualidade.
Nesse sentido o significado atual de direita e esquerda pode ser entendido bem melhor reportando-nos à guerra fria e aos blocos capitalistas e socialistas do que à Revolução Francesa. Direita ficou associada ao bloco capitalista de livre mercado, e esquerda às ideias, regimes e revoluções de inspiração marxista.
Em resumo, quando nos dias atuais, buscamos classificar o espectro político entre direita e esquerda, estamos apenas tomando emprestado da época essa nomenclatura e adaptando-a, dando a ela novo significado e sentido nos dias atuais, e não necessariamente nos preocupando em dividir as pessoas com a mesma definição dos termos que se usavam à época.
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