Se você é desses que sonham em ver algum dia uma criptomoeda sendo usada no dia a dia como o são as moedas fiduciárias, sinto lhe dizer que considero isso bem improvável.
A verdade verdadeira é que até agora o principal uso das criptomoedas foi como instrumento especulativo, ou seja, compra-se e investe-se nelas na esperança de que elas venham a se valorizar.
Isso realmente é muito bom quando elas realmente se valorizam, e aí todo mundo que investiu nelas fica com a sensação gostosa de ter ganho “dinheiro fácil”, o que incentiva ainda mais investidores especulativos, o que empurra ainda mais os preços para cima.
Mas como toda especulação irracional, uma hora o ciclo de alta “cai na real” e acaba. E a consequência disso é o estouro da bolha, com baixas e perdas tão grandes quanto os ganhos do período das altas.
Essa volatilidade monstruosa, ao mesmo tempo que atrai especuladores, também os afasta quando as altas acabam. Mas mais negativo até que o afastamento dos especuladores amadores, é o afastamento daqueles que querem usar a moeda simplesmente como moeda.
Como a altíssima volatilidade torna a precificação de qualquer coisa em criptomoeda praticamente impossível, acaba que mesmo os comerciantes que aceitam elas tenham que continuar precificando suas mercadorias em moeda fiduciária, e a converter as suas criptomoedas recebidas nas vendas o mais rápido possível para evitar perdas.
Mas esse ano foi bem diferente dos outros nesse sentido, e nos deixou uma lição que talvez divida o criptouniverso entre o antes e o depois. É que as baixas fizeram surgir com muita força as stablecoins, ou criptomoedas estáveis.
Essa modalidade de criptomoeda tem por finalidade justamente diminuir a volatilidade, atrelando-a a uma moeda fiduciária, principalmente o dólar. E já temos muitas delas, sendo as mais conhecidas e utilizadas o Tether, USD Coin, TrueUSD, e tantas outras.
E com o fim da volatilidade, virá também a possibilidade de elas serem usadas no comércio em geral. E com o uso delas pelo comércio “da vida real”, na minha opinião virá finalmente a adoção em massa das criptomoedas.
E isso será até um pouco irônico, visto que uma das funções das criptomoedas que deveria ser a de “finalmente nos livrar das garras das moedas fiduciárias”, apenas nos facilitou as transações com elas, foram “engolidas” por elas.
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