#BOX DE SÉRIES# - True Detective (Ano 1)

Alguém havia me sugerido assistir essa série com nome tão pouco atrativo, na época eu nem era tão chegado em investigação, pelo menos não no conceito clássico de investigação e foi com um certo receio que assisti a introdução impecável (tanto em trilha quanto em fotografia) e percebi que, provavelmente essa série tinha algo de diferente. O que foi comprovado logo mais, ao se deparar com um primeiro episódio de fotografia estonteante, paisagens arrebatadoras, um peso nas interpretações de deixar o estômago incomodado e um crime no mínimo angustiante.

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True Detective consegue juntar ao tema crime investigativo um verdadeiro apanhado de referencias culturais obscuras e interessantes. A série curta de apenas 8 episódios, porém cada um com 1 hora de duração arrasta-se (positivamente) como um bom livro, onde os fatos não acontecem na velocidade de uma série pop qualquer, o que pode (e vai) provavelmente afastar alguns espectadores que acham lento demais. A temporada toda fala apenas de 1 crime, o que não é novidade (vide The Killing, por exemplo) e o desenrolar da investigação, cada vez mais profundo e complexo nos prende firmemente. Isso se dá muito, sem dúvidas pelas atuações fantásticas e de primeira qualidade da dupla de protagonistas Woody Harrelson e Matthew McConaughey, interpretando Marty e Rust. Ambos personagens extremamente bem criados pelas mãos do genial Nic Pizzolatto.

Os dois detetives, cada qual um mundo particular repleto de profundidade e que podem transbordar conteúdo acabam trabalhando junto nesta investigação de um estranhíssimo assassinato que de alguma forma parece se tratar de um ritual satânico ou coisa do tipo. A série na verdade faz um emaranhado de referências quando analisamos o universo desse crime, com referências paganistas misturadas a ocultimos, rituais satanicos, símbolos variados, livros de horror cósmico e outras coisas mais, seria impossível resumir tudo aqui em um pequeno artigo.

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Rust, o personagem interpretado por Matthew McConaughey é sem dúvidas a pérola da série, um homem duro, frio e extremamente profundo, seu jeito soturno e contido parece ocultar um cosmos inteiro, sua relação obsessiva com o caso e suas percepções quase sinestésicas do ambiente ou das situações pesadas em que se envolvem. Existe um peso filosófico profundo em Rust, uma luta interna existencialista do bem contra o mal, tanto no mundo quanto em si próprio, é uma alma sofrida, extremamente bem representada, com tintas intensas e tocantes. E graças a Rust existe essa relação sub-entendida, quase esotérica em True Detective com o conceito de investigação criminosa envolvendo algo que flerta com a magia negra.

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A série se passa em dois espaços de tempo inclusive, que intercalam-se e vemos o ano do crime chocante e também anos depois, com Rust já desempregado, cabeludo, desesperançoso, alcoólatra e definitivamente niilista. É necessário paciência para juntar ambas as épocas e ter compreensão de todo o conjunto da obra. No mais, tudo que se pode fazer é flertar com a melancolia profunda que se derrama sobre a série com seu alto teor de filosofia e delicadeza dura. Aliás, pode se dizer que definitivamente, True Detective de certa forma é uma série filosófica, se não uma das mais já feitas. Imperdível.

Deixo aqui a belíssima introdução da série para abrir o apetite de vocês:

True Detective - 2014
Direção - Cary Joji Fukunaga
Roteiro - Nic Pizzolatto
Gênero - Drama criminal / Southern Gotic / Neo-Noir
Produtora - HBO

Fontes das imagens: 1, 2 e 3


Obrigado por ler!


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