
Sinopse: As irmãs Halliwell descobrem que são descendentes de uma linhagem de bruxas. Cada uma delas tem uma habilidade especial (parar o tempo, mover objetos e prever o futuro), e, quando elas se unem, formam o "Poder das Três", para lutar contra demônios, warlocks e outros seres malígnos. .
A série pode ser descrita facilmente como um extenso conto de fadas moderno... Não no sentido "bonitinho" da coisa (como é comumente conhecido), mas sim, em algo mais puxado para um lado sombrio com uma forte base argumentativa que se utiliza - muito sabiamente, por sinal - de vários argumentos míticos e filosóficos (nesses pontos a série um prato cheio para os amantes da Filosofia e História, porque são ideias bem recorrente em toda a série) afim de construir um enredo dramático bastante envolvente.

Protagonizada pelo quarteto Holly Marie Combs, Alyssa Milano, Shannen Doherty e Rose McGowan, a série não perde tempo em se estabelecer e mostra muita qualidade desde o primeiro episódio. Com um roteiro eficiente e divertido (uma mistura bem acertada que rende grandes momentos), as aventuras e desventuras das irmãs Halliwell acontecem no mundo real. Apesar do surrealismo está presente na trama (afinal, estamos falando de uma história onde o foco são pessoas com poderes sobrenaturais), o roteiro não abre mão de mostrar os contrates e os iminentes conflitos que a diferença entre os dois mundos (o real e o irreal) pode causar.
Monstros, poções, viagens através de diferentes eras, demônios, portais interdimensionais, feitiços e demais elementos característicos desse mundo de magia estão presentes e fazer com que tudo isso ande em paralelo na realidade dos dois mundos sedimenta a credibilidade que a história precisa para ser contada (e principalmente para ganhar o telespectador)... Dessa forma, o roteiro garante a apresentação de uma trama com um diferencial a mais (e esse é mais um dos pontos extremamente positivos do show).

Os arcos dramáticos que são criados conseguem se tornar muito importantes a medida que a história avança, porque eles nunca são tão simples quanto aparentam. Sempre existe algo mais a ser explorado nos roteiros (alguns aspectos são até relativamente complexos), e com esse ritmo dinâmico a série vai recorrentemente inserindo novos elementos e elevando ainda mais a qualidade do material a ser consumido pelo público.
A direção dos episódios segue de forma constante desde o primeiro momento, tendo tem com um grande diferencial a liberdade que é permitida ao elenco de poder improvisar em vários aspectos (algo que pode ser facilmente detectado nas performances dos atores em determinados episódios). Essa liberdade na atuação evidencia que os diretores apontam o caminho, mas não delimitam o elenco a seguir apenas um único olhar.

O grupo que forma o elenco é muito bom, e cada integrante - a próprio seu modo - cria personagens cheios de nuances que ao longo das temporadas são descascadas de uma forma bem criativa (garantindo momentos épicos... principalmente no que diz aos finais de temporada e alguns arcos dramáticos muito bem fundamentados e concluídos). A história de cada um deles diverge entre momentos cômicos e dramáticos (e a fidelidade de cada trama é fixada pelas performances dos atores), tudo muito bem dosado, sem ter que pesar a mão em nenhum dos lados para se fazer notada.
De forma rápida e crescente (embalado por sequências de ação bem planejadas e uma trilha sonora escolhida a dedo pela produção... a começar pela música utilizada em sua aberta), a série vai ganhando a atenção do telespectador a cada novo episódio e além de tudo o que foi descrito acima, consegue fazer isso por um dos seus aspectos fundamentais: a importância dos laços familiares (não importando exatamente se eles seguem - ou não - uma ordem na árvores genealógica).

"Charmed" é uma criação de Constance M. Burge, produzida por Brad Kern e televisionada pelos estúdios Spelling Television. Ao longo de sua trajetória teve 8 temporadas, 178 episódios e 30 indicações em diversas premiações (onde venceu 18 vezes... sendo uma das mais notáveis, o Academy of Motion Picture Arts and Sciences na categoria "Série mais longa de protagonistas femininas", em 2006).